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Olá, meu nome é João Zanocelo e eu cuido da parte de Marketing e Design aqui no bossabox.com, uma startup de design e desenvolvimento de sites e e-commerces para pequenas empresas e startups via internet.

Quando eu meus sócios começamos a nossa empreitada, duas coisas ficaram bem claras pra mim: 1. Empreendedorismo me salvou de uma vida cinza e sem graça trabalhando em coisas cinzas e sem graças. 2. Empreender, sem dúvida alguma, é muito, mas muito difícil.

1 – Tanto eu, como meus sócios, saímos de universidade tradicionais em que o valor do aluno se mede pelo tamanho da empresa no qual ele(a) estagia. Eu mesmo, trabalhei para algumas grandes empresas e agências de publicidade. Organizações muitas vezes moldadas pelo tradicionalismo atrasado que dificulta qualquer tipo de pensamento criativo e “fora da caixa” e fazem de um estagiário apenas uma ferramenta mecânica que executa tarefas chatas que já deveriam ter sido automatizadas a muito tempo.

Claro, felizmente não é toda empresa que pensa dessa forma e não é todo estagiário que leva isso com a negatividade que eu levo, afinal, a segurança financeira que esse modelo oferece é superior ao caminho que eu escolhi traçar.

Mas quando eu vou dormir pensando no BossaBox e acordo pensando no BossaBox; quando tive a realização de que o sucesso da minha empresa estava em minhas mãos e de meus sócios; quando vi que tinha liberdade criativa para FAZER e APRENDER muito mais do que eu imaginei, percebi que esse era o caminho certo a ser seguido e que nenhum salário ou vale refeição seriam capazes de trazer a satisfação que o empreendedorismo me traz.

É um sentimento inigualável que só quem empreende consegue entender com plenitude. É maravilhoso.

2 – Mas não são só flores. Empreender é um caminho árduo, repleto de obstáculos e tropeços que te fazem repensar constantemente a escolha que você tomou. Muitas foram as vezes que me vi completamente desmotivado, improdutivo e sem qualquer noção do que deve ser feito para chegar lá. Acontece.

E é disso que eu gostaria de falar hoje com vocês. Minha primeira grande crise foi quando percebi que tínhamos um conhecimento básico de desenvolvimento de software quando fundamos o BossaBox. Como crescer uma startup que vende sites e e-commerces sendo que nem eu, nem meus sócios sabiam desenvolver uma landing page? Essa realização me assustou muito. Do dia pra noite, eu perdi meu norte e minha motivação. Foi terrível.

Mas meus maiores aprendizados vieram dos tempos de crise. E eu quero compartilhar alguns deles com vocês.

1 – Foque nas qualidades que você tem agora

Eu não sabia desenvolver, mas eu sabia de design e eu sabia de marketing. Foquei nisso por um tempo. Fiz o meu melhor para estruturar uma home page bonita e pedi para o conhecido de um conhecido programá-la (hoje ele cuida do desenvolvimento do BossaBox). Com o nosso MVP pronto, começamos a fazer marketing de conteúdo e outbound sales para mostrar nossa proposta de valor ao mundo e ver no que dava. Esse foi o limite do meu conhecimento: design e marketing.

Esse tipo de estratégia fez com que tivéssemos o mínimo de faturamento e feedback de nossos primeiros consumidores antes mesmo de desenvolver uma plataforma mais completa.

Mas por que isso é tão importante? É muito comum para um fundador começar a operar sua ideia apenas quando sua equipe e produto estiverem perfeitos. Isso é errado por vários motivos, mas o principal é que você desperdiça dinheiro (na maioria das vezes) e tempo, seu bem mais precioso, ao correr o risco de construir um produto pelo qual não existe necessidade.

Apenas faça. Seja o que for: uma pesquisa no Forms, uma landing page básica ou uma página no Facebook. Faça o que estiver ao seu alcance para validar a sua ideia, comece a faturar do jeito que for e então desenvolva algo mais completo. Você não precisa saber desenvolver ou contratar alguém que saiba para começar uma startup.

2 – O conhecimento está disponível, aproveite

Agora precisávamos crescer, aumentar nosso faturamento. E para que esse objetivo fosse conquistado uma coisa ficou clara para todos nós: precisávamos aprender de tudo, empreendedorismo, marketing, finanças, design, código, e o mais rápido possível.

Um erro que eu cometi e que muitos fundadores ainda cometem é ter a impressão de que é necessário saber literalmente tudo de algum assunto específico para começar a fazer: comprar livros (gatei mais de R$300 em livros quando comecei), fazer um curso (cheguei a me inscrever em um curso de AdWords que custava cerca de R$400) e contratar funcionários para executar a tarefa que você deveria estar fazendo (contratamos um estagiário para produzir conteúdo que tinha um custo fixo de R$900 por mês). Eu não faria nenhuma dessas coisas hoje em dia, vou te falar porque.

Por dois motivos:

1- Elas desperdiçam muito tempo e/ou muito dinheiro. Não me leve a mal, ler um livro ou fazer um curso faz muito bem para qualquer pessoa, mas não para todo empreendedor, principalmente para aqueles que estão começando. No fim das contas, seu tempo e recurso são extremamente importantes e você deve pensar 5 vezes em qual é a melhor forma de gastá-los.

Por isso, pense com cuidado: eu preciso ler “Startup Enxuta” inteiro ou 5 bons artigos sobre o assunto não bastariam? Eu preciso fazer um curso de AdWords para fazer meu primeiro anúncio? Preciso contratar uma agência de Relações Públicas para começar minha estratégia de PR? Esse tipo de pensamento é muito valioso.

Priorize conteúdos que são acionáveis, ou seja, que estão relacionados aos desafios do seu dia a dia e que levarão a algum tipo de ação da sua parte.

Além disso, hoje existem ferramentas que são mais úteis e mais baratas para que você possa aprender de forma mais eficiente. Alguns exemplos são 12minutos (assinatura), Medium (gratuito), Udemy (por video curso), Quora (gratuito), Tinycards (gratuito), Kindle App (por eBook), Duolingo (gratuito) etc.

2 – Tudo que você precisa está disponível na internet, de graça ou a um preço muito inferior. A informação foi democratizada, meu caro. Tudo que você precisa saber sobre taxa de conversão, UX Design, JavaScript, Contabilidade para startups está lá, esperando por você.

Mas voltando ao assunto, entre outras coisas, aprendemos mais sobre programação, aos trancos e barrancos, mas aprendemos. Dessa forma, começamos a gerenciar melhor nossos projetos, fazer entregas mais rápidas e mais consistentes, entender mais do nosso negócio e, por fim, crescer nosso faturamento.

O que nos leva ao meu aprendizado mais importante.

3 – Confie no seu modelo de negócios

Conseguimos crescer de maneira constante e esse foi um marco importantíssimo para o BossaBox. Mas como eu já te falei, empreender não é fácil. E logo que conquistamos esse segundo objetivo, outro obstáculo surgiu: escalabilidade.

Buscávamos prestar serviço de desenvolvimento de sites e ecommerces pela internet. Nossa operação seria a mesma de uma produtora digital com apenas uma diferença: o produto seria precificado, especificado e entregue pela internet. Mas a estrutura seria a mesma: escritório físico e desenvolvedores contratados.

Conforme novos projetos foram entrando, mais espaço e mais funcionários eram necessários, ou seja, nosso custo fixo crescia com o nosso faturamento. Não éramos escaláveis. E foi nesse momento que eu e meus sócios tivemos nossa segunda grande crise de motivação. Não tínhamos ideia de como escalar.

E assim como no primeiro caso, da crise veio um grande insight: precisávamos mudar nossa estratégia. Decidimos então que contratar funcionários não era a maneira mais eficiente e de longe a mais escalável para desenvolver sites e lojas virtuais. As pessoas que possibilitavam a entrega de nossos produtos haviam se tornado o grande gargalo de nossa operação.

Mas qual seria a alternativa?

Rede. Era isso que faltava.

Em meio a tantas startups de sucesso como Uber, AirBnB e iFood, percebemos que deveríamos usufruir do poder de uma rede remota de desenvolvedores e designers freelancers para escalar de fato. Confiar no potencial de indivíduos espalhados pelo Brasil, essa era a chave.

Então paramos de contratar desenvolvedores e construímos uma plataforma para que pudéssemos nos comunicar com esses freelancer. Fizemos pequenos anúncio para chamar a atenção de alguns.

E depois de alguns projetos entregues, vimos que estava dando certo.

Essa mudança fez com que nosso custo fixo ficasse relativamente baixo quando comparado ao faturamento.

Por causa dessa pivotagem, hoje conseguimos entregar um projeto em pouco mais de uma semana e temos a capacidade de desenvolver cerca de 20 sites e ecommerces customizados, responsivos e otimizados por mês.

Todo o processo é feito 100% via internet: basta nosso consumidor entrar no site, conversar com o próprio gerente de produtos e o projeto é feito e gerenciado por meio da nossa plataforma. Sem esforço algum.

E como nosso custo fixo caiu bastante, fomos capazes de repassar essa queda para o preço final dos projetos. E como possuímos uma rede de mais de 40 freelancers remotos, somos capazes fazer as entregas de forma mais ágil e bem antes do prazo.

Tudo isso foi possível devido a essa virada de chave.

Confie no seu modelo de negócios, mas quando há algum indício muito forte de que alguma coisa não está dando certo, não pense duas vezes, compreenda a fundo o que está errado e mude a sua estratégia, sempre visando resolver o problema com o menor esforço e maior resultado.

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